sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Transtorno de Gênero na Infância

crianca-transgenero-nem-menino-nem-menina-6-55-1024Fonte: Vila Mulher - Coy Mathis. Foto: Reprodução Mail Online

Tenho ensaiado há muito tempo uma forma de escrever sobre esse tema sem que eu interfira no que cada um acredita ou nos dogmas religiosos. Por isso, vou falar com base exclusiva no que a psiquiatria fala e em artigos que li.

Em 2013, a história do menino americano Coy Mathis, de 6 anos, que se identifica como menina e é aceito pelos pais, ganhou bastante repercussão, pois ele tinha tido problemas na escola ao querer usar o banheiro feminino. Segundo a família, Coy age assim e brinca com bonecas desde que tinha 1 ano e meio.

O que é o transtorno de gênero?

Segundo entrevista ao site G1, o psicólogo clínico e psicanalista Rafael Cossi, autor do livro "Corpo em obra" define com transexual a pessoa que tem um transtorno mental e de comportamento sobre sua identidade de gênero, ou seja, nasce biologicamente com determinado sexo, mas se vê pertencente a outro e cogita fazer tratamentos hormonais e cirurgia para mudar o corpo físico. Ao contrário do que já acreditaram psicanalistas no passado, esse não é um caso de psicose, com alucinações e delírios.

Entretanto, outros psiquiatras não gostam de estigmatizar como um transtorno mental, mas sim um transtorno do desenvolvimento cerebral, ou seja, é um fator biológico.

Os estudos da psiquiatria são unânimes ao apontar que é possível identificar o transtorno de gênero já nos primeiros anos da infância. Por isso, eles entendem que transexualidade não é uma escolha e é diferente do homossexualismo.

É possível perceber que a identificação com o sexo oposto e o desejo em assumir um novo gênero começa entre os 4 e 6 anos. Mas ainda não é possível dar um diagnóstico específico, pode ser apenas uma brincadeira e não realmente um transtorno, é preciso acompanhar a evolução do comportamento da criança junto com um psicólogo.

De acordo com o psiquiatra Alexandre Saadeh, coordenador do Ambulatório de Transtornos de Identidade de Gênero e Orientação Sexual do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (HC) em São Paulo: “É muito comum crianças inverterem os papéis, e quando é algo pontual não há maiores problemas. Mas, se isso se tornar um hábito frequente, diário, o menino querer mudar de nome, usar presilha e brinco, é indicado que os pais e o filho passem por uma avaliação profissional antes de qualquer coisa, para ver se essa é uma questão familiar que a criança está tentando resolver dessa forma ou se já é um transtorno de gênero", afirma.

"A escola também não deve reprimir, mas chamar os pais, explicar o que está acontecendo e aproveitar essa oportunidade para educar também com as diferenças. E não é porque uma criança vê outra fazendo algo que vai querer imitá-la, elas não são macaquinhos", destaca Saadeh.

E Rafael Cossi complementa: "Hoje em dia, sabe-se que existe um cérebro feminino e um masculino, determinado no útero da mãe por hormônios masculinos circulantes. E isso interfere no desenvolvimento cerebral para uma linhagem feminina ou masculina. A cultura e o ambiente também têm importância, mas a determinação é biológica", acredita o médico.

Quais são os indícios?

A criança pode querer usar a roupa do sexo oposto ou ser chamada por outro nome, ficar deprimida, irritada ou até agressiva por ser obrigada a se comportar como não se reconhece. Ela constantemente quer ser tratada como o sexo oposto e se isolam quando percebem que o comportamento incomoda os pais. Mas só um profissional poderá pesquisar essas características a fundo para saber o que se passa de verdade com a criança.

O que fazer após um diagnóstico positivo?

Pais e filho precisaram da ajuda de um profissional para entender e não negar o que está acontecendo, ajudando a criança a vivenciar quem ela é sem nenhuma censura.

É claro que não é fácil para nenhum pai ou mãe aceitar e apoiar o seu filho quando muitas vezes nem ele entende ou aceita esse tipo de condição, mas devemos amar os nossos filhos por quem eles são de verdade e não pelos padrões do que consideramos normais.

Como os pais podem ajudar?

Por mais difícil que seja nunca repreenda seu filho por querer brincar de boneca ou uma menina por querer jogar futebol, dizendo “isso é coisa de menina ou menino”. A sua repreensão não impedirá que o transtorno se desenvolva e nem o fato deles quererem fazer isso quer dizer que tenham o transtorno.

O ideal é agir com naturalidade (mesmo que você não sinta isso) diante dessas situações e tentar verificar se é só uma curiosidade de momento ou um comportamento repetido, sem censurar seu filho.

Mostre-se amigo e compreensivo, escute-o sem apontar o que seria certo ou errado, pois assim, seu filho terá que lidar apenas com a sua difícil condição pessoal e não com a rejeição da família.

Existem um filme bem bacana que pode ajudar a entender mais o tema:

Tom Boy

tomboy Laure (Zoé Héran) é uma garota de 10 anos, que vive com os pais e a irmã caçula, Jeanne (Malonn Lévana). A família se mudou há pouco tempo e, com isso, não conhece os vizinhos. Um dia Laure resolve ir na rua e conhece Lisa (Jeanne Disson), que a confunde com um menino. Laure, que usa cabelo curto e gosta de vestir roupas masculinas, aceita a confusão e lhe diz que seu nome é Mickaël. A partir de então ela leva uma vida dupla, já que seus pais não sabem de sua falsa identidade. Assista ao trailer: https://www.youtube.com/watch?v=x5FPVuR52x8

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/78916-o-pior-e-confundir-transtorno-de-genero-e-homossexualidade.shtml

           http://saude.hsw.uol.com.br/troca-de-sexo1.htm

           http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2013/03/transexual-pode-se-descobrir-ja-na-primeira-infancia-dizem-especialistas.html

           http://vilamulher.com.br/mae-filhos-familia/criancas/crianca-transgenero-nem-menino-nem-menina-8-1-55-1024.html

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