Você já deve ter ouvido alguma vez alguém falando “o bebê golfou”. O golfo é quando o bebê coloca para fora um pouco do leite que mamou (peito ou mamadeira). É um tipo de regurgitação (e não um refluxo) comum em até 50% dos bebês e não chega a ser um problema de saúde.
Mas é óbvio que os pais ficam preocupados, achando que o filho está perdendo o alimento que consumiu ou sofrendo algum tipo de dor com a volta do leite. Ai vem os palpiteiros de plantão com dicas como tirar o bebê do peito e engrossar o leite com alguma farinha. Mamães não façam isso! A regurgitação é uma fase chatinha, mas ela passa, assim que o bebê começar a sentar e quando estiver ali entre os seis ou oito meses, quando começar a comer alimentos sólidos. Não tirem o leite materno.
Li esse trecho no site da revista Crescer e acho que ele explica bem o que é a regurgitação comum:
A regurgitação ocorre porque a válvula entre o esôfago e o estômago, conhecida como esfíncter esofagiano, ainda está se desenvolvendo. Normalmente, após a passagem do leite, ele fecha e segura o líquido. Com a imaturidade, o esfíncter relaxa e não faz seu trabalho. Por isso, o retorno de um pouco de leite após a mamada, quando o bebê arrota, ou mesmo um tempo depois em forma de “queijinho” é normal. Trata-se de um tipo de refluxo fisiológico, ou apenas regurgitação, que acontece em algumas ou todas as mamadas. Ela também ocorre porque nem sempre é possível notar que o bebê mamou em excesso e lotou o estômago. Nesse caso, até um arroto mais intenso traz o líquido de volta. Regurgitar não tem nenhuma consequência para o bebê e não causa desconforto. Não há remédio que faça o esfíncter amadurecer mais rápido. “O amadurecimento acontece entre os 6 meses e 1 ano. Enquanto isso, é preciso paciência e fraldas extras”, diz o pediatra Glaucio Granja de Abreu.
Quando se preocupar?
Eu posso falar com conhecimento de causa sobre o refluxo intenso, a Manu era um desses bebês que não regurgitavam só um “queijinho”, ela vomitava grandes quantidades de leite.
Essa foi uma fase bem difícil para mim, eu dormia muito pouco, morria de preocupação de que ela se afogasse dormindo. Deixei-a dormindo no meu quarto até os três meses de vida e depois, quando a coloquei no quartinho, só dormia com a babá eletrônica com vídeo, sempre olhando e mesmo assim levantava para ir ao quarto ver se ela estava bem.
Uma vez, na escolinha, na hora do soninho, ela vomitou dormindo, ficou asfixiada pelo próprio vômito, ficou roxinha e precisou passar pela chamada Manobra de Heimlich (vamos fazer um post ensinando a manobra), quando a gente coloca o bebê de cabeça para baixo encaixado na nossa perna e batemos em suas costas.
Infelizmente, esse tipo de engasgo é mais comum do que parece, os cuidadores precisam de calma para lidar com a situação, por sorte a Manu foi socorrida na hora e não aspirou ao leite, o que poderia ter gerado uma pneumonia se tivesse acontecido.
Entretanto, não foi nessa hora que eu descobri o refluxo, já sabíamos dele desde os primeiros dias de vida da Manu, sempre foi uma característica dela os grandes vômitos. Nós vivíamos com aquelas fraldinhas de pano encharcadas por conta do refluxo.
Fonte: Acervo Pessoal.
Só é possível caracterizar como refluxo se o vômito é em grande quantidade e frequente. Se o seu bebê tiver casos de vômito esporádicos, pode ser apenas um caso de regurgitação por ter bebido leite além da conta, estar doentinho ou algo do tipo, é a frequência que caracteriza o problema.
É claro que em caso de qualquer dúvida o melhor é sempre consultar um pediatra, mas seguem alguns sintomas que merecem mais urgência nessa conversa:
· Bebê não está ganhando peso (isso não quer dizer que todo bebê que tem refluxo não ganha peso, a Manu sempre foi bem gordinha)
· Vomitando uma grande quantidade de leite
· Vomitando com frequência
· Chora muito depois de mamar
· Ele começar a ter muita tosse
· Fica irritado, curvando-se para trás, depois de mamar
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico pode ser feito na consulta com o pediatra ou por um Raio X do sistema digestivo onde o bebê toma um contraste (misturado ao leite dele em sua própria mamadeira).
A Manu foi diagnosticada pela pediatra e tomou até quase os seus seis meses de vida dois medicamentos, o Montilium e o Label, não me lembro da ordem, mas me recordo que um era 1h antes da mamada e outro 30min ou algo assim.
Quando ela teve o caso de asfixia a pediatra me pediu para consultar uma pneumologista que me pediu um Raio-X comum (para ter certeza que não havia líquido no pulmão) e depois o Raio X do sistema digestivo.
Fiz os dois, o Raio-X é bem tranquilo, no hospital que eu fui eu entrei com a Manu e eles colocaram uma roupa especial de chumbo em mim e no caso dela, eles colocam um tipo de pochete que protege os ovários da neném.
O Raio X do sistema digestivo é mais complicadinho, as roupinhas são as mesmas, porém o bebê precisa tomar o contraste, algo que altera o gosto do leite. A Manu sempre foi comilona e mandou ver, porém outro bebê que estava lá no hospital, tinha muita rejeição a beber qualquer coisa por causa do refluxo. Você fica junto com o bebê durante o exame e mais uma enfermeira, o neném toma o leite durante o exame e os médicos vão radiografando o fluxo de entrada do leite e o refluxo. Dava para ver direitinho o leite entrando e voltando.
O fato de a Manu ter feito esse exame não era só para ver se ela tinha o problema, isso nós já sabíamos, era para saber se ela tinha algum tipo de má formação no esôfago ou algo do tipo. O exame mostrou que não, que ela não tinha nada de diferente, era só a questão de aguardar o desenvolvimento do esfíncter esofagiano e ter calma.
Algumas medidas para diminuir o refluxo e aumentar a segurança do bebê:
· Travesseiro antirefluxo (você coloca em baixo do colchão do berço).
· Ficar com o bebê no colo por pelo menos 20min depois de cada mamada para que ele arrote (eu ficava pelo menos quarenta minutos).
Fonte: Acervo Pessoal.
· Há médicos que sugerem diminuir a quantidade de leite dado e aumentar a frequência, ao invés de dar de três em três horas, das em intervalos de uma hora e trinta minutos.
· Os médicos também sugerem que a mãe tire o leite de vaca de sua dieta, por que a proteína desse tipo de leite por causar algum tipo de alergia no bebê.
· Se o bebê não demonstrar melhora com medicamentos, os médicos tendem a tentar o leite sem lactose, pois o refluxo também pode ser sinal de intolerância ao leite.
· Tentar posições diferentes de mamada no peito ou mamadeira.
Fonte: Acervo Pessoal.
· Nunca deixar o bebê mamando sozinho com a mamadeira.
· Não dar de mamar com o bebê deitado, sempre na posição mais vertical possível.
· Quando o bebê mama na mamadeira, os médicos recomendam os leites mais grossos, normalmente chamados de AR.
· Se optar por uma escolinha, verifique quais os cuidados deles em relação ao bebê com refluxo.
Manu na escolinha!
Fonte: Acervo Pessoal.
· Alguns pais adotam a cama compartilhada para poder ficar junto com o bebê e reagir mais rápido no caso de algum problema. (Eu não fiz isso por que pessoalmente não gosto da cama compartilhada, mas pode ser sim uma boa opção).
· Tenha muitos babadores e fraldinhas de pano por perto, você vai precisar!
Papais, muita calma, paciência e tranquilidade, essa é a melhor recomendação de todas. Essa é uma fase desgastante, com cheirinho de azedo e cheio de fraldas de pano molhadas de vômito, mas ela passa e passa sozinha. Na maioria dos casos, depois que o bebê começa a comer comida sólida e ficar mais ereto o refluxo vai embora. Força!
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